Não compreendam, que também não quero.

Eles não fazem ideia. Não fazem. Ninguém faz, senão nós. Ninguém sabe como é o entrar em palco, a luz, o passo para um mundo enorme e maravilhoso, quase inalcançável. Não vale a pena explicar, não vale a pena sequer tentar partilhar o que aprendemos ao olhar os olhos de cada um. Ninguém sabe. Nem sequer certas pessoas a quem damos a mão sabem. Mas os outros, nós, os sedentos de "nós", compreendemos...sabemos tanto, tão bem, como é o mundo lá dentro. Queremos tão desesperadamente que percebam que temos de estar ali, tanto como precisamos de ar, que temos que nos tocar e sentir. Temos que nos ter, não nos podemos separar, é um fio condutor que não se solta. E era isso. Era isso que eu queria, era isso que queria que compreendessem. Que quando digo que estou com eles, compreendam que estou a ser feliz, que estou a compactuar com algo maior, com algo inegável. Não peço que compreendam o que sinto ao dar-lhes as mãos. Não quero, sequer. Desculpem a dureza, desculpem a ganância.
Só peço que entendam.