O meu mais sincero respeito. És muito mais que muita gente.

Dói-me a cabeça de chorar. E os olhos. E dói-me o coração. Mais que tudo dói-me o coração...


Sabes quanto és não sabes? As marcas no chão, os restos de comida misturados com água numa pasta terrivel, o olhar de quem não fez coisa boa ou óptima. A felicidade da minha entrada, tanto que me chateaste e tanto eu me vinguei fazendo a mesma coisa. Azar o teu, não tivesses orelhas grandes...! E eu enrolada contigo num poste porque não te queria perder (ups, tarde de mais-o humor negro não tem tanta piada quando é connosco, fica o aparte) e a espreitar em busca de coisas que te arreliassem. A foto. A tua casa de um tamanho soberbamente gigante e quase impossível de arranjar, a sua posterior destruição- que mais poderia ser vindo de ti?- o gosto pela jardinagem, o gosto pela água, o gosto por tudo que se mexia (ou não), quando passavas por baixo daquela mesa (eu juro que ainda não percebo como...) e saltavas por cima do sofá de um momento para o outro.
Lembrar-me-ei sempre de quando te adormecia, passava a mão por ti e até eu fechava os olhos. As cantigas, os beijos mais amorosos do mundo. O dar-te a mão porque não descansavas enquanto isso não acontecesse, a maneira como tu, como se fosses eu, fazias a tua caminha e tapavas-te. Tu fazias a tua caminha. Depois éramos nós. Tu já não podias.

A partir daí já não eras Marta.
Eras cadela.

Mas sempre te amei, sempre gostei de ti como o meu bebé. Desde o primeiro dia que te vi. Agora não tenho beijos, não tenho festas, já não há a alegria de chegar a casa e ver-te, não há a chatice de te levar à rua, não há nada, não há Marta, não há bicho, não há o meu amor, não há risos, não há pisadelas nem pancadas com o rabo. Eu despedi-me de ti, mesmo não sabendo. Lembro-me do primeiro dia em que te vi e do último. Marta, nome de gente. Como se não fosses outra coisa...estiveste aqui nos 7 anos mais duros da minha vida, eu abraçava-me a ti quando não tinha ninguém; sempre.
Merda, agora já podemos pôr tapetes no corredor...

hoje. até parece que foi ontem...


Adeus meu amor. Alias, até já.
Não tenho mais nada para dizer.