Eu estarei cá à mesma. "Eu"...





Agora é que é. Agora é que, pensando no mundo, pensando nas coisas, é que se faz o que se tem a fazer. Já é só o meu olhar, não mais nenhum outro, não mais outras bocas, outras razões, outros sentidos. O que tem que ser, é, e luta-se por isso; já não existem mãos a puxar. Já se foram muitas coisas, muitos momentos desperdiçados, ou apenas usados a olhar para outras direcções, já se mostraram muitas caras, que não voltam aos tais momentos já passados. Agora sou eu. Agora vou ser eu, agora é assim, não mais, não mais nada. Quem não gosta que me largue, o meu eu já não quer saber. Os objectivos são estes que sei, é isso que quero, é essa a vida, é o caminho dourado para o futuro. Agora sou eu, já não quero, já não posso, já não aturo prisões, já sou só eu e o lápis, já sou eu e o meu futuro à minha frente. As músicas nem deixam de ser as mesmas, apenas são mais fatais e preciosas (será que são mais, será que já não eram?), as cores são mais vibrantes para todos os sentidos. Assim será, assim o preto será do maior luto e o branco do maior casamento com a luz. Abriu-se a porta para o abismo, eu salto com cabeça erguida; o abismo não tem que ser mais do que aquilo que simplesmente é. E a negatividade não passa, o véu é forte. Porque aviso do meu véu. Aviso que agora é dificil espreitar, eu coloquei-o por vontade própria e dos que passavam. Teve que ser assim, vontade própria involuntária. Mas nem me importo, já estou por tudo, desde que respire. Porque o ar anda rarefeito, por aqui, pelo mundo; as coisas estão a acabar, sinto que a minha vida acaba, solta-se depois do sol quente se ir...soltam-se...E saber que já não volto a casa acaba-me, desfaz-me. Daí o querer ser tudo agora, fazer tudo, ser eu, porque depois do sol só me resta a poeira de madeira adorada e sombras de figuras. "Porque a vida nunca mais foi a mesma". Pois não. E tu sabes. Eu sei, mas não quero saber, não agora, porque estou mesmo a entrar para o abismo, de cabeça erguida. Quero deixar tudo na melhor das hipóteses, no melhor dos fôlegos, até não conseguir mais. Quero sair maravilhosamente cansada, quero isto mais que tudo, mais que tu, mais que o mundo. Eu quero ter memória de toda a poeira que pisei, para sobreviver no frio do inverno. Porque não quero saber dos meses, e se está frio, é a antagonia do sol e do frio que me aperta, é o sabor do quente que eu espero. Espero mesmo. Desespero. Grito por essa liberdade fatal, por esse adeus arrastado e doloroso. Preciso do sol, preciso de todos, preciso de saber tudo e amar tudo antes de tudo acabar. Eu quero-vos sempre, e com vocês, vou eu, a Ana. E digo isto sem uma lágrima na cara, sequer...já não me conheço.





Porque as coisas acabam, de uma maneira ou de outra. Não quer dizer que seja mau. Neste caso é apenas largar a vida, tornar-me nada. "Apenas"...







"No I don't want to battle from beggining to end
I don't want to cycle and recycle revenge
I don´t want to follow death and all of his friends."




Coldplay