o poeta chora

Tu não ouves o mar que eu oiço, tu não choras o mesmo sal que eu! Tu não me dás a mão que eu preciso, dás aquela que está mais perto, por facilidade. Tu dás abraços de nada, que não se sentem nem no ar, tu não sabes, não vês que não sabes, não fazes ideia. Tu até podes querer, mas não deixas, eu não deixo por não querer, nós quebramos, nós choramos; perdão, chorar, choro eu. Tu amarras, prendes, não deixas espaço para existir, tu levas tudo e nem deixas nada para me lembrar...já não sou pequena e quem me dera que fosse! Já não posso ter a desculpa de ser pequena, já não durmo aquelas sestas, já não me contas histórias, já não fazemos os nossos teatrinhos.
Porque nós faziamos, lembras-te? Tu fazias o jantar e eu sentava-me ao teu lado, tu começavas uma história e brincávamos, brincávamos...