Ouvi dizer que...


Acabar com a fome no mundo, a guerra, a violência, os males e os azedumes. Isso gritamos todos! Gritam os pacifistas, gritam as crianças com sonhos, gritam as misses de faixa, gritam os políticos em campanhas eleitorais. Mas não há fonte que cesse, não há abrir de mãos para que eles possam voar, ou outros, os não-eu. Os que merecem tudo, que são tudo, e que querem tudo quanto nós, que são tão eles como nós, que deveriam abrir as mãos para nós, como nós.

Quando penso que não me dou, penso que já não sou eu. Mas se não estou a ser eu, se estou a ser não-eu, talvez assim abra a mão...talvez pare a hipocrisia quotidiana do "vou salvar o mundo, vou salvar-te"; talvez assim dêmos as mãos ao mundo, até fazermos uma roda enorme em que o abraço é tão apertado e tão precioso que todos percebam que todos somos só um, e se não formos um somos apenas nós, ou eus, e não os não-eus que, se derem as mãos, são eles próprios mais o mundo. Dêmos as mãos.



"Engraçado, tudo junto são duas palavras e separado é uma só."