18 now.

Sou a Ana e tenho 18 anos.
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Semente

Numa das minhas sessões de Teatro o nosso encenador, o Rui Mário, pediu-nos que nos tornássemos semente e crescessemos. As luzes apagaram, os olhos fecharam-se e começou a dança.
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(- Isso é para quê?
- Para o Teatro.
- Ana, tu vives mesmo para o Teatro.
- Sim...)
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Eu fui uma semente. Eu fui um início de vida, compacta, quente. Fui criança da terra, deixada no solo fértil, à espera de nascer. Cresceu em mim um coração, uma vontade de sentir. De dar a mão ao mundo e respirar o céu, beijar o vento.
E de repente cresceu também em mim o próprio crescimento - saí, espreitei o ar, senti raízes, senti apegar-me ao solo enquanto as nuvens me puxavam no sentido contrário; senti-me árvore. Pequeno rebento sozinho, acompanhado, o vento passando por mim e acenando. Braços romperam do meu tronco, meu tronco de gente, de árvore, a casca sobre mim adormecendo. Respirei pelos meus pulmões emprestados e sorri. Eu estava sobre a terra que tanto ansiei e temi e tornei-me no abraço em que já estive - eu era a protecção de muitos, viva e sólida, as minhas folhas alimento, a meus pés outros corações. Crianças brincando, pessoas sentindo, curvas e entrecurvas à minha volta. Fui Primavera, sonho, Verão, Outono, Inverno. Passei as estações contando os dias que passavam não sabendo porquê. Cada dia fui mais feliz e mais triste; senti a vida a desabrochar pela última vez com o último fruto. E presenciei passivamente à queda dos meus frutos e flores, ao mundo a despir-me. O mundo despia-me e eu não fazia nada, despiam-me, eu via, eu via os rebentos lá ao fundo a serem sonho, árvores também, e soube mesmo sem saber. Era a minha vez de largar.
O frio agarrava-me sem ferir, mas mesmo assim chorava. Porque o coração que tinha deixei de o sentir. Voltei à terra, adormecida no castanho cimento...e disse adeus àquela vida, à minha vida que já não era minha, era de ninguém - voltei à semente.
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E foi mesmo o que aconteceu. Foi o que eu senti, numa Sexta-feira, dia 9 de Janeiro de 2009, enquanto ouvia os sons das palavras do meu encenador. Eu ERA a semente - e disso ninguém duvide.
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Vermelho Maçã


An apple a day keeps the doctor away.
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As palavras de amor que não dizem

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Se achas que sim, encontra-me. Econtra-me e abraça-me. Apertando-me, beija-me. E diz que me amas. Quando amares, quando me amares, quando eu te encontrar. Quando eu não conseguir respirar sem tu estares ali. Quando. Eu espero(-me).

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50's


E assim foi.
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