Eles eram mãos até ao nunca



Eles são dois, são só um.
Mãe de ventre, mãe de alma
e rebento inocente
vagueando as ruas.
Ela aperta-o nas mãos, liga-se ao calor do seu sorriso.
Ele não é nada sem ela, ela sabe-o. Ela ama-o. Receia.
Aquela mão é dela, para sempre, mas o sempre...
o que era...
poderia não ser o dia em que viviam.
Poderia ser amanhã, poderia ser nunca.
Mas nunca ela sabia que não era.
Pois nunca era quando as suas mãos e as dele se soltariam.
Para sempre, assim, agarrados à vida que ela não pôde evitar.
Chorava aos cantos, receava.
Não era isso que lhe queria dar.
Apenas queria que o nunca nunca chegasse,
o mundo era deles,
juntos.
Então as mãos coninuavam firmes, quentes,
como sempre, como até nunca.
Então continuaram,
ele e ela dando a mão.
O nunca seria daí a três luas.
Ele não sabia. Ela também não.
Ana Trindade